'Governo não pode tudo', diz Onyx ao descartar destituição da diretoria da Vale

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que, apesar de ter ações "golden share" na Vale, com direito a veto em algumas decisões, o governo não pode interferir na gestão
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BRASÍLIA — O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse na manhã desta terça-feira que o governo não tem poder para pedir a destituição da diretoria da Vale, após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). Segundo o ministro, primeiro é preciso apurar as responsabilidades sobre o acidente.
— O governo tem que ter duas coisas necessárias: humildade para saber que não pode tudo e prudência para saber que o que está em jogo é, além e principalmente da vida e das segurança dos brasileiros e brasileiras, um setor econômico que é muito relevante para o nosso país — disse o ministro, em entrevista coletiva nesta terça-feira após uma reunião do conselho de governo.
Onyx argumentou que, apesar do governo possuir na Vale as ações 'golden share', os papéis classe especial que dão ao Estado direito a veto em algumas decisões não permitem nenhuma interferência na gestão. Segundo ele, essa é uma decisão do conselho de administração e, o Estado como acionista da Vale, tem papel de confiar no grupo.
Na segunda-feira, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, havia dito que a mudança da diretoria da empresa estava em estudo pelo comitê de crise formado pelo Planalto para acompanhar os desdobramentos da tragédia em Brumadinho.
O chefe da Casa Civil disse ainda que a interferência do governo federal na mineradora não seria "uma sinalização desejável ao mercado".
— Não há condição de haver qualquer grau de intervenção até porque esta não seria uma sinalização desejável ao mercado ,em um país que deseja receber parceiros que possam usar essa fantástica biodiversidade que nós temos. Então é preciso respeitar e o governo sabe que tem limitações — pontuou.
Onyx defendeu que o governo federal antes de uma medida aguarde o andamento das investigações. Segundo ele, não cabe ao Estado apoiar nenhuma empresa ou diretoria, mas admitiu que, em caso de falhas da empresa, poderá convocar uma reunião do Conselho Administrativo da Vale.
— Se a investigação mostrar que há problema, que houver falha, é evidente que o governo vai exercer seu direito — disse.
Na segunda-feira, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que a mudança da diretoria da empresa estava em estudo pelo comitê de crise formado pelo Planalto para acompanhar os desdobramentos da tragédia em Brumadinho.
Nesta terça-feira, a Vale nomeou o executivo Cláudio Alves, titular da diretoria de Pelotização e Manganês, para liderar o Grupo de Resposta Imediata. O comitê tem como objetivo consolidar as ações emergenciais relacionadas aos atingidos pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão.
Ação conjunta em NY
A mineradora já é alvo de uma ação pública coletiva (class action, em inglês) iniciada na noite de segunda-feira numa corte distrital de Nova York, nos Estados Unidos. O processo acusa a mineradora brasileira de mentir para os investidores sobre seu comprometimento em garantir a segurança de seus trabalhadores, diante do rompimento da barragem de Brumadinho. Além da Vale, o presidente da empresa, Fábio Schvartsman, e o diretor financeiro, Luciano Siani, são arrolados individualmente na ação.
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